Autora: Maria Eduarda
Tradutora: Elisa
Imagine este cenário: você é um jornalista em busca de informações e, ao viajar para a floresta amazônica, você é ameaçado de morte dias depois os jornais o denunciam como desaparecido. Pode parecer enredo de novela, porém, é a história real de Dom Phillips, colaborador de jornais como The New York Times e escritor, que, como muitos outros em busca de informação e justiça ambiental, também foi perseguido. A crise climática e de recursos recentemente exigiu uma plataforma maior para aqueles que se manifestam a favor de movimentos sustentáveis, justamente devido à seriedade da suas consequências.eMesmo assim, até assassinato de ativistas não alcança visibilidade na mídia.
A princípio, as estatísticas podem parecer baixas: 227 defensores da terra e do meio ambiente foram assassinados no ano de 2020. No entanto, é sábio analisar o contexto por trás de cada vida perdida. Primeiramente, considera-se que o ativismo ambiental, tanto como agenda social quanto como agenda política, não recebe a merecida notoriedade. Portanto, ambientalistas em trabalho de campo estão mais sujeitos ao risco de suas vidas quando não são amparados por Estados despreocupados com os Direitos Humanos e a sustentabilidade. Como mostra a tabela abaixo, os assassinatos de ativistas ocorreram principalmente em países da América Central e do Sul, que abrigam grandes florestas com potencial de exploração, além de comunidades indígenas.

Com uma análise atenta do diagrama, é possível estabelecer uma relação entre os motivos das perseguições e os países em que ocorreram, uma vez que abrigam altos índices de exploração madeireira, mineração e agronegócio, muitos operando ilegalmente. As estimativas são de que 90% do desmatamento no Brasil é ilegal, então a fraca aplicação das leis ambientais se torna um incentivo para que tal exploração continue. Quanto à mineração de ouro não regulamentada, cerca de US$ 429 milhões em danos sociais e ambientais foram causados na Reserva Indígena Yanomami.
Desta forma, levanta-se a reflexão: quem deve ser responsabilizado? Obviamente os responsáveis pelos crimes devem pagar legalmente, porém existe um sistema que os abriga e ainda justifica a perseguição ao ativismo ambiental. Embora a legislação voltada para a causa sustentável seja forte em países de grande diversidade, como os países da América Latina, os governos não garantem a segurança dos ativistas fazendo “vista grossa” para a ligação entre perseguição e seu desenvolvimento econômico, bem como na fraca aplicação de suas punições.
Por exemplo, o Brasil tem uma economia baseada na produção agrícola e seus políticos eleitos não demonstram preocupação com métodos menos agressivos ou com a exploração em massa da Amazônia, muito menos com os povos indígenas que ali vivem. Com isso em mente, as empresas privadas que continuam sendo favorecidas são, ainda que prejudiquem o meio ambiente, aquelas que geram capital. Um grande exemplo é a empresa Samarco que, em Minas Gerais, Brasil, foi responsável pelo que é considerado o maior desastre ambiental da história do país: o rompimento da barragem de Mariana em 2015 por negligência por parte da empresa.
Portanto, há uma necessidade geral de maior segurança para a vida dos defensores do meio ambiente, que estão na linha de frente e pagam por se intrometer na lucratividade desregulada do extrativismo. Para isso, recomenda-se que a Organização das Nações Unidas (ONU) intervenha quando necessário para exigir o cumprimento das devidas punições legais e garantir o caminho para o alcance de suas 13 e 15 metas de desenvolvimento . Além disso, candidatos seria prudente que as pessoas pesquisassem e elegessem políticos que lutam pela preservação e sustentabilidade, levando assim à firme imposição e julgamento daqueles que tiram a vida (mesmo que indiretamente) dos ativistas.
Bibliografia:
Statement on Bruno Pereira and Dom Phillips | Global Witness
https://www.globalwitness.org/en/campaigns/environmental-activists/last-line-defence/
What’s the cost of illegal mining in Brazil’s Amazon? A new tool calculates it (mongabay.com)
To end illegal deforestation, Brazil may legalize it entirely, experts warn (mongabay.com)